14.8.08

tudo tluqueilo


Não são só os relógios Lolex e os tênis da Mike. A chinesinha tinha microfone e tudo, mas era dublagem para esconder a feinha (que era fofa, aliás). A idade das ginastas é fake. Os fogos de artifício eram computação gráfica. Não sei como ainda não apareceram mais trambiques dos chineses nessas olimpíadas. Porque se tem algo que eles aperfeiçoaram nesses 5 mil anos de história, foi a arte de dar o truk.

Se você é turista, então, vira alvo fácil. As fábricas de produtos típicos são grandes teatrinhos – gente que fica sentadinha fingindo que está tirando seda do casulo, compenetrados esculpindo o guerreirinho de jade, e que cruzam os braços assim que a excursão sai da sala (eu vi pq embirrei e fiquei para trás hehe). O principal trecho da milenar Muralha da China aberto para visitas, na verdade foi reconstruído não faz 40 anos. O palácio da cidade proibida que tem 999 quartos, na verdade só tem 760, incluindo os banheiros.

Em visita os guerreiros de Xi’an, você vê estátuas despedaçadas, outras sendo consertadas e outras já novinhas em folha. Mas não vê um arqueólogo ou restaurador sequer trabalhando num dos maiores sítios arqueológicos do mundo. Não me surpreenderia se um dia descobrissem que aquilo tudo também é fake, como já falaram do conjunto de estátuas que eles enviam para exposições ao redor do mundo.

Mas no dia-a-dia, a coisa não é diferente. Não é à toa que gente que mora lá, como o Gilberto Scoffield Jr., adotou o bordão “gente truqueira”, depois de ter sido passado para trás inúmeras vezes.

Em alguns casos, não acho que seja pura maldade ou esperteza. Eles dão às pessoas o que elas querem ver. Ficam todos felizes e assim é mantida a tal harmonia confuciana, que ninguém sabe precisar muito bem o que significa, mas para eles é o valor supremo. O que não significa que a gente tenha que gostar.

2 comentários:

Ana Valéria disse...

eca!

Anônimo disse...

Quando comecei a ler, ia comentar qe vários lugares ao redor do mundo reconstruíram seus monumentos destruídos em guerras e cataclismas (Munique é cheia deles, por exemplo). Mas realmente fazê-lo sem arqueólogos é uma leviandade, para dizer o mínimo. Além disso, visitando ruínas no México eu descobri que os arqueólogos têm obrigação de diferenciar aquilo que eles reconstruíram daquilo que estava lá quando eles chegaram